O grupo Zap, maior site de classificados de imóveis do Brasil, vai investir R$ 100 milhões somente neste ano e outras centenas de milhões em 2020 no mercado de reforma e revenda de imóveis. O dinheiro será usado para comprar, reformar e vender casas e apartamentos em São Paulo e outras praças onde o Zap já tem escritórios.

Segundo Lucas Vargas, presidente do grupo, este ano a expectativa é comprar entre 200 e 300 unidades. “Já estamos buscando oportunidades em seis bairros de São Paulo com ajuda de imobiliárias e corretores parceiros, mas até o fim do ano já estaremos em outras regiões do país”, diz o executivo. A ideia do Zap é também se valer dos agentes – imobiliárias e corretores – para, posteriormente, revender as casas. Atualmente são quase 30 mil imóveis em sua plataforma na internet.

Depois de efetuada a compra, a reforma ficará, por enquanto, com empresas terceirizadas especializadas em “retrofit” – processo de modernização de imóveis. “Somos uma empresa de tecnologia e não de construção e arquitetura. Queremos focar nossos esforços internos no desenvolvimento de soluções para diminuir a burocracia do processo de compra e venda de imóveis e aproximar cada vez mais compradores e vendedores”, afirma Vargas.

Mais da metade das pessoas que anunciam no site precisa de dinheiro para adquirir um novo imóvel. O problema é que este processo é lento e leva entre um e dois anos – o tempo médio de venda de um imóvel é de 468 dias, segundo o Zap. “Os imóveis são os ativos mais ilíquidos do mercado. Queremos mudar essa dinâmica”, diz Vargas. “Se não podemos fugir da parte burocrática, de cartório e afins, vamos facilitar para o cliente, conectar os serviços necessários para que tudo aconteça da forma mais eficiente possível.”

Nessa linha, o grupo acaba de fechar uma parceria com o banco Santander para oferecer financiamento imobiliário, um dos principais gargalos do setor. Este serviço será anunciado em breve.

Depois da fusão dos portais Zap Imóveis e Viva Real, em novembro de 2017, o grupo tornou-se o maior site de classificados do país. Por mês, são 56 milhões de acessos e 14 milhões de usuários únicos. No Brasil, o grupo emprega 800 pessoas. A empresa não divulga resultados financeiros.

A entrada do Zap no mercado de compra, reforma e revenda ocorre em um momento de redução de oferta de imóveis novos no setor. Os lançamentos caíram 26,8% em fevereiro na comparação anual, para 2.396 unidades, segundo dados da Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc) e da Fundação Instituto de Pesquisas (Fipe).

Os preços de venda continuam subindo abaixo da inflação. Segundo a pesquisa FipeZap, o valor médio das residências vendidas subiu 0,24% nos primeiros três meses de 2019. A inflação oficial (IPCA), medida pelo Instituo Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), teve alta de 1,51% no período.

O grupo ainda não comprou nenhum imóvel, mas está com vários mapeados. Com um pé em serviços e outro na indústria, a Zap segue o movimento de outras empresas, como a americana Zillow, de ex-executivos da Microsoft. Um dos maiores sites de comercialização de imóveis dos Estados Unidos, a empresa fundada em 2006 lançou há um ano o Zillow Offers, um serviço de compra, reforma e revenda.

A americana desenvolveu até um algoritmo para rastrear imóveis para comprar. De abril a dezembro de 2018, foram comprados 686 e vendidos 177. Em média, a empresa paga US$ 264 mil dólares por casa, gasta US$ 20 mil para reformar e repassa por R$ 292 mil, ficando com uma margem de lucro de 0,5%.

No Brasil, além das próprias empresas de “retrofit”, a recém-lançada Loft é outra que está disputando esse mercado. Fundada há menos de um ano por sete empreendedores, a startup já captou US$ 88 milhões em duas rodadas de investimentos. A expectativa é ter, até o fim do ano, pelo menos R$ 2 bilhões em estoque. A empresa faz parte de uma onda de novas startups com foco no mercado imobiliário – ‘construtechs’ e ‘proptechs’. A maioria atua com venda e locação de imóveis, mas há quem se concentre em manutenção e decoração de prédios e apartamentos, e outros que se especializam em obras com tecnologias mais modernas.